sexta-feira, 30 de setembro de 2011

As sacolas da minha vida

Sou sacoleira mesmo, com o maior orgulho. Tudo começou com a minha mania por organização. Morando em New York, onde tudo acaba em saco plástico, um belo dia resolvi dar um basta no meu puxa-saco que já não cabia saco nenhum. Na hora de jogar tudo aquilo no lixo, me deu um aperto no coração. Era muito lixo desnecessário... tinha saquinho de tudo quanto é tamanho, cor, espessura e logotipo. Muitos nunca teriam nenhuma finalidade. Separei por tamanho. Os que tinham número 2 (os únicos recicláveis) foram para o lixo reciclável. Os pequenos viraram porta lanchinho. E os que não podiam reciclar foram enfiados na minha bolsa para serem reutilizados na próxima compra de supermercado. Isso era o ano de 2003 e a onda de sacolas retornáveis ainda não tinha virado moda. Com essa atitude o mundo do lixo tomou uma nova dimensão. Passei a valorizar pouca embalagem e mais conteúdo.
     Anualmente, 500 bilhões de sacos plásticos são consumidos no mundo. Desse número uma quantidade infima é reciclada, menos de 3%*. Isso tudo começou há menos de 30 anos atrás e o impacto ambiental desse estilo de vida descartável já atingiu proporções catastróficas. É lógico que a sacola plástica não é a única vilã da história, todos os derivados de plástico são altamente poluentes e devem ser evitados. Entretanto, essa é uma atitude simples. Estima-se que uma única sacola retornável faz com uma pessoa deixe de consumir 400 sacos plásticos por ano. A partir de agora, sair da padaria com o saco de pão enfiado em outro saquinho vai ser de extremo mau gosto e aceitar aquele micro saquinho de farmácia, o cúmulo, ok!?

    E com vocês, as minhas queridas sacolas...

     Ela mora na minha bolsa. Comprei na H&M em New York em 2010, custou 3 doletas. Prestes a voltar ao Brasil tive que abastecer meus pequenos com algumas poucas e boas roupinhas novas, e nada melhor que esse grande magazine sueco, não tem como resistir. Mas na hora de pagar e pegar aquele sacolão plástico tive que recusar, minha aversão as sacolas plásticas chegou a um bom limite. Estava estufando tudo na bolsa, quando o caixa sugiriu uma das "reusable bags" - na verdade eu havia esquecido a sacola abaixo em casa - e resolvi aceitar a oferta, ainda bem. Eu amo ela de paixão, quebra o maior galho, apesar de não ser muito grande. Ela é de nylon e fica bem pequeninha. Todo mundo divia ter uma.   

     Essa foi a primeira sacola a residir na minha bolsa em 2007. Ela é tudo de bom: grande, molinha, preta e super resistente. O melhor brinde que já ganhei. Veio em uma revista Elle portuguesa, que eu comprei em uma estação de trem na cidade do Porto, em Portugal. Eu não comprei a revista e ganhei a sacola, comprei a revista por causa da sacola. Estava carregando travesseiro, boneca, casaco e mais alguns trequinhos da minha filha e a salvação apareceu como um passe de mágica, ufa! Uma vez tomei um baita susto achando que a tinha perdido. Apesar de ter sido substituída pela floral, ela está sempre a mão. Quando eu saiu sabendo que vou comprar algo ela vai junto. Boutique, sapataria, papelaria, na hora H eu saco a  minha "master black bag", que é um cult.

     Muitas de vocês devem ter uma igual a essa. É a sacola retornável do Pão de Açucar. Ganhei da minha cunhada. Ela deu uma para cada mulher da família no final de 2008. Achei um presente excelente, de grande utilidade. É feita de rafia, é super resistente e cabe um montão de coisas, mas como é durona tem que ficar no porta malas do carro para as compras de supermercado. No entanto a minha já fez de tudo: mudança, bolsa de praia, transporte de reciclados, armazenamento de livros, mala de viagem...

          Adoro essa sacola, dá para imaginar o porquê. Peguei emprestada da minha sogra e nunca mais devolvi, ups! É minha desde 2008 e é sempre um hit. Uso sempre que estou a fim de fazer campanha ou "make a statement". Feita de brim cru, é grande e resistente, o único porém é que vive sujinha, mas eu não estou nem ai.

     Essa eu ganhei da minha sogra. É gigante e capaz de carregar sozinha uma grande compra de supermercado. Feita de plástico reciclado e vive no meu porta malas desde 2009. Dia de "Rancho Orgânico" é com ela que eu vou.    

     Ganhei de Natal em 2008 do irmão do meu marido. Acho que depois do "furto", a minha sogra deu a deixa: "Ela adora sacolas". Ele comprou na lojinha de souvenirs da RISD (Rhode Island School of Design), uma das universidades de design e arquitetura mais conceituadas do mundo, onde ele se formou. Então quando eu quero dar uma de bacana, eu finjo que é comigo e uso ela. Gigante, de lona, também tem mil e uma utilizades.   

     Acertou, também ganhei da minha sogra. Já deu pra perceber que quem realmente curte uma sacola retornável é ela, tem várias. Ela diz que sempre tem que comprar uma nova quando esquece as outras em casa. Ai ela vai distribuindo, essa faz parte desse time. Falei que ela tinha que deixar sempre no carro. Agora ela usa e deixa pendurada no hall da casa, na hora de sair não tem como esquecer.   

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Diga NÃO às embalagens de ISOPOR

Há algum tempo venho notando o aumento descomunal no uso do das bandejinhas, caixas e copinhos de isopor. Quer uma bomba de chocolate, coloca-se na bandejinha. Quer um pão de coco, bandejinha. Quero levar comida para casa, caixa de isopor. Quero 100 gramas de presunto, manda a bandejinha. Já vi até mesmo uma única pêra empacotada na bandeja. Você leva as crianças para tomar sorvete e para evitar a mão melada, que venha os copinhos de isopor e a inevitável colherinha plástica.  Gente, esse comportamento é altamente irresponsável. É o fim do mundo!
É fácil dizer não. O pão de coco não vai grudar só no saco de papel, o pudim e a bomba também não, é só ter cuidado, e se grudar, desgruda poxa. A pêra também não é mais limpinha porque vem embalada. E criança tem que tomar sorvete na casquinha e se lambuzar, com impacto ambiental zero.  Nós temos que agir e reagir, dizer aos estabelecimentos que nós não queremos o maldito isopor. Nós crescemos sem ele, até pouco tempo atrás ele não fazia parte das nossas vidas e tudo funcionava perfeitamente. Somos vitimas de uma indústria gananciosa e achamos que está tudo bem, que o comodismo convém.  
E se faz mal, porque os governos não fazem nada e o dono da padaria usa? Eu te pergunto, quanto tempo demorou para os governos alertarem a população quanto aos riscos do cigarro? É basicamente a mesma coisa. Muita gente vai ter que ficar doente, muitos ecossistemas vão ter que ser destruídos, até que resolvam cutucar os figurões da indústria do plástico. Enquanto isso, a gente tem que fazer a nossa parte. Quanto ao tio da padaria? Bem, posso dizer que a ignorância impera e as bandejinhas de isopor chegam a custar 50% a menos que o mesmo produto feito de papel reciclado, por exemplo. Mas se o consumidor recusar, dividir a informação, o jogo muda, pode ter certeza.   
Razões para evitar as embalagens de isopor a todo custo:
- O isopor solta substâncias químicas nos alimentos que contém. Essas substâncias são altamente prejudiciais a saúde humana e a de todos os animais entraram em contato com o material.  Elas atuam principalmente nos sistemas reprodutor e endócrino. Os EUA é o perfeito exemplo dos malefícios dessa indústria: a infertilidade, a obesidade e outro problemas como o câncer imperam na sociedade Americana, que é o símbolo da cultura do descartável desde a década de 80. Felizmente, estudos estão sendo divulgados e a conscientização das pessoas está mudando muita coisa.   
- O isopor é um dos derivados do petróleo (portanto vem de uma matéria-prima não renovável), é um tipo de plástico não reciclável e altamente poluente, já que se quebra em minúsculas partículas que se espalham pelos ecossistemas como os rios, mares e lençóis freáticos sem prazo de validade para se degradar.  
- Por suas características: leve, maleável e barato, o isopor tem um grande apelo para os comerciantes. Mas para o consumidor, ele é inútil, só serve para transportar o produto até em casa e logo em seguida ser descartado, sendo dificilmente reutilizado, o que de qualquer maneira não deve ser feito devido à química liberada. Basicamente, só serve para entupir o lixo.
- Embalagens representam de 10% a 15% (em alguns casos chegando a 50%) do custo final de um produto. E representa 50% do lixo pós-consumo gerado. Portanto, se os estabelecimentos deixarem de oferecer essa embalagem inútil, o preço do produto pode e deve cair.


Alternativas às embalagens de isopor:
- Não embalar. Frutas e verduras não precisam e nem devem vir embaladas em bandejas de isopor. Uma vez um amigo que comercializa cogumelos na bandejinha me disse que ele não mudava por causa da estética, era uma questão de marketing. Pois bem, se nós deixarmos esses produtos apodrecerem nas gôndolas, o marketing vai mudar rapidinho. Sempre opte pelo produto vendido solto ou a granel.
- Prefira o papel, reciclado de preferência. Eu sei, você não quer mais uma árvore sendo cortado para atender a demanda do papel, eu também não. Mas entre um e o outro, o papel é ainda a opção mais ecológica. Primeiro, porque é reciclável e já existe uma indústria forte atuando no setor. Segundo, porque é biodegradável. E terceiro, porque vem de uma matéria-prima renovável (plantações de eucalipto para a fabricação de papel já é uma realidade). Entre os males, o menos pior.
- Deixe os seus filhos se lambuzarem com o sorvete na casquinha e tire muitas fotos.  E se quiser levar sorvete para casa, já vá preparada com um pote de sorvete ou tapeware.
- No supermercado, evite comprar as carnes pré-embaladas nas bandejas, vão até o açougue e peça o corte que quiser somente no saco plástico. O saquinho também é uma desgraça, mas pode ser lavado e reutilizado no lixinho ou até mesmo reciclado quando descartado da maneira correta. Eu me lembro de ir ao açougue com minha avó e todas as carnes seram enroladas no papel. Hoje em dia, se compra a carne moída na bandeja e a mocinha do caixa tem a audácia de embrulhar em outro saco e depois colocar em outro para ser transportado até o carro e do carro para a sua geladeira. E se você recusa, ela pergunta, mas não vai dar cheiro? Tenha dó, né.
- E por favor, não tenha vergonha de dizer não e recusar qualquer tipo de embalagem desnecessária. Já notei que isso é praxe, até mesmo entre as pessoas esclarecidas.  Sei lá o que pensam: que vão ofender a vendedora, que vão chamar a atenção de outros fregueses. Se isso for verdade, então aproveita e explica o porquê da recusa. Isso sim é ser chic.
E se você quiser se aprofundar no assunto e descobrir mais sobre os malefícios dos plásticos click no link ao lado. O TAO DO CONSUMO é uma iniciativa maravilhosa de pessoas que realmente se preocupam com a sua saúde e a saúde do planeta. http://www.otaodocomsumo.com.br/
Obs.: Os dizeres da arte da foto são:
ISOPOR = PLÁSTICO = TÔXICO = POLUIÇÃO = CONTAMINAÇÃO = DESTRUIÇÃO = GUERRA = IGNORÂNCIA = ALIENAÇÃO = ACOMODAÇÃO = CONVENIÊNCIA = PETRÓLEO = ISOPOR ... dá para fazer pensar.


fontes:
http://www.earthresource.org/campaigns/capp/capp-styrofoam.html
http://aprendiz.uol.com.br/content/lephidudis.mmp
Livro: "Planet Hero! 365 Ways to Save the Earth", por Lauren Wechsler Horn, 2009.


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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

SOS: Quero respirar...

Ontem passei uma noite horrível, literalmente não conseguia respirar. O ar está super seco, há meses não chove. O ar está super poluído, o absurdo das queimadas das plantações de cana continua, queima-se a palha da cana e junto toneladas de agrotóxicos. O ar está pobre em oxigênio (O2), estamos destruindo suas fontes: as florestas e os oceanos e em contrapartida, saturamos a atmosfera de dióxido de carbono (CO2).
Não precisa ser nenhum cientista para constatar o desequilíbrio. Como a sabia medicina ayurveda ensina: aquilo que afeta o macro, afeta o micro. O planeta está adoecendo, suas espécies estão sumindo e porque o homem acha que com ele será diferente. A arrogância cega. O homem não mede esforços para ter: uma casa com piscina, um carrão maneiro, uma bolsa Fendi até mesmo um Jimmy Choo. E que preguiça dá cuidar daquilo que existe de mais preciso: a água que bebemos e o ar que respiramos.
O mais triste é que nossas crianças estão pagando caro por isso, todos nós estamos. Mas elas são as vítimas e nós, os agentes. Se isentar da culpa porque você acha que você não tem nada com isso é covardia. Absolutamente todas as nossas ações têm algum impacto e cabe a nós escolher. Como você ganha o seu dinheiro? Como você gasta o seu dinheiro? Para que você precisa de dinheiro mesmo?
Na escola da minha filha, segunda-feira, 14 crianças do primeiro ano faltaram à aula por motivo de doença. Segundo o relato de uma das coordenadoras, um dos meninos simplesmente parou de respirar... Meu filho de dois anos há quatro meses não sabe o que é ter o nariz limpinho e respirar com tranqüilidade. Eu também não consigo, já notei que respiro no modo superficial e econômico, mecanismo involuntário de defesa, imagina o stress. Respirar mesmo é um luxo reservado às situações altamente arborizadas. Inspira, expira, inspira, expira... Fico imaginando que do jeito que está, quem consegue fazer yoga ou praticar algum esporte em uma grande cidade?
Nem vou falar das estatísticas, do incrível número de crianças que sofrem de doenças do sistema respiratório como asma, bronquite, sinusite, reniti e por ai vai. E o câncer então. E ainda tem gente que acredita que câncer é hereditário (câncer é uma doença dos genes, que se alteram e multiplicam, e que pode ser causada por fatores externos, sim).
Eu sei que esse “post”  está super deprê, foi inevitável. Também sei que só falar é fácil, então eu quero propor algumas ações. Você é só uma??? Mas é parte de 7 bilhões.
Para salvar o ar que respiramos:
- Plante uma árvore. Que tal uma por ano, ou uma por mês. Não tem lugar, qualquer parque perto de casa, na beira da estrada, no sítio de um amigo, eu te garanto, lugar é o que não falta.
- Ande, ande muito. A padaria fica a três quarteirões, ande. O salão a seis, ande. O banco a 10, ande.
- Nunca mais use qualquer tipo de aerosol na sua vida. Matar barata, só com chinelo. Pernilogo, citronela e casca de cebola. Cheiro ruim, ferver cravo e canela. Inseticidas e aromatizantes de ar são o maior veneno, veneno para a sua família e para o ar que respiramos.
- Consuma produtos orgânicos, mesmo aqueles que você não vai ingerir. O uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes destrói a capacidade do solo de reter CO2.
- Incorpore os 3Rs de todas as maneiras possíveis na sua vida: Reduza, Reuse, Recicle.


- Indigne-se: o novo Código Florestal e a construção da Usina de Belo Monte nas terras do Xingo na floresta Amazônica aprovadas pelo governo federal são o cumulo da ganância humana e do desrespeito a vida.
A lista poderia ser gigantesca, mas acredite, se você for capaz de por em prática o sugerido acima, muita coisa pode mudar.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Veja condena o parto domiciliar

Um BUUUUUU bem alto para a revista Veja dessa semana. Ela traz uma nota condenando o parto feito em casa e nos convida a ler mais sobre o assunto tão pobremente abordado no site:  http://veja.abril.com.br/noticia/saude/parto-domiciliar-quando-o-risco-nao-e-necessario
Primeiramente, só queria dizer que essa matéria (não assinada) só pode ter sido escrita por alguém bem inexperiente no quesito parto e principalmente no quesito jornalismo, o que beira a irresponsabilidade.   Até parece que resolveram publicar uma nota divulgada pelos “Conselhos de Medicina” sem checar os fatos.  Esse é a velha “caça as bruxas”, que nós mulheres já estamos mais do que cansadas.
Eu tive dois partos normais hospitalares, um feito nos EUA e outro em um hospital, com o selo de humanizado, no interior de São Paulo. Aqui, como a única “louca” com plano de saúde que desejava um parto normal, vivi na pele os absurdos do sistema, como ter as pernas amarradas na hora de dar a luz (isso sim uma operação de altíssimo risco).  
Enquanto os hospitais brasileiros não assegurem as mulheres o mínimo de dignidade nesse momento único, que continue em ascensão os partos domiciliares.
3 PRÁTICAS QUE DEVERIAM SER ABOLIDAS DAS MATERNIDADES BRASILEIRAS (só para ser simpática e citar apenas algumas):
- Uso indiscriminado da ocitocina (hormônio da contração) sintética, chamada de sorinho. Nenhum hospital quer saber de mulher em trabalho de parto por mais de 4 horas, o que basicamente são 95% das mulheres, principalmente em se tratando da primeira gravidez. O uso do “sorinho” acelera o ritmo das contrações de uma maneira brutal, tanto para a mãe quanto para o bebê. As dores são muito mais intensas e difíceis de suportar, o que leva ao uso de anestésicos e até mesmo do desejo por uma cesárea. O trabalho de parto natural dura em média 16 horas, podendo variar de 4 a 24 horas ou mais. O que dá tempo para a mulher se adaptar as dores naturais da contração até o momento da expulsão do bebê. Já para a criança, o trabalha de parto a prepara para entrar no mundo de maneira saudável e eficiente através dos hormônios liberados e da massagem gradual das contrações.      
- Prática indiscriminada do corte do períneo ou episiotomia. Corte cirúrgico feito na musculatura entre a vagina e o ânus para facilitar a saída do bebê.  O objetivo é evitar com que a região rasque no momento da expulsão do bebê. Segundo estudos feitos na França, menos de 5% das mulheres sofrem com esse problema, que depois é solucionado com pontos no local, com certeza nada agradável. No meu ponto de vista, cortar antes para se evitar que rasque depois é mais um daqueles nonsense apregoadas por médicos ineficientes e que acreditam que mulher tem que ter filho deitada e com a perna amarrada, como no meu caso. Coloca a mulherada de cócoras e vocês vão ver os bichinhos saindo rapidinho. 
Só para deixar o registro. Nos meus dois partos não houve necessidade do corte. O primeiro porque foi nos EUA e lá essa prática é só utilizada em situações de emergência.  Aqui, porque eu havia escrito uma carta ameaçando quem tocasse no meu períneo. Mas com a perna amarrada, lamentavelmente foi necessário o uso do fórceps.
- A impossibilidade de se movimentar durante o parto. Ter contrações presa a uma cama é garantia de maximizar a dor do parto. Eu já passei  por isso e te garanto.  Você já teve cólica? Agora você no pico da dor chapada em uma cama. Esse é o tipo de dor em que instintivamente nos encolhemos na posição fetal, com o barrigão fica difícil, então a posição de cócoras é o que mais se aproxima desse encolhimento, portanto a mais indicada. Durante o trabalho de parto toda a mulher deve ter a oportunidade de andar, se agachar, tomar uma ducha. A movimentação alivia a tensão, a dor e principalmente ajuda na descida e posicionamento correto do bebê. Porém, os hospitais adoram o auxilio de equipamentos que nos privam desse direito. O uso do “sorinho” intravenoso e do monitor fetal são duas práticas que nos amarram a cama. Já na hora do bebê nascer, somos levadas para o centro cirúrgico, lugar que não tem nada de propício para dar a luz, e lá as coisas podem ser ainda piores. É dada uma bela anestesia que te paralisa da cintura para baixo, amarram a sua perna, cortam o seu períneo e dizem: faz força filhinha, assim o seu bebê não vai nascer hoje... Esses procedimentos sim causam complicações e o os “Conselhos de Medicina” deveriam considerar arriscados.

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domingo, 18 de setembro de 2011

Os 12 mandamentos da alimentação saudável

Os 12 mandamentos da alimentação segundo Michael Pollan, jornalista, ativista e autor dos best-sellers “The Omnivore’s Dilemma” e “In Defense of Food: An Eater’s Manifesto”. Esse é o cara que está fazendo milhares de americanos mudar radicalmente a maneira de comer, para melhor é claro.
1-  Não coma nada que a sua bisavó não reconheceria como sendo comida.
2-  Evite produtos que contenham mais de 5 ingredientes  e  ingredientes que você não sabe pronunciar.
3-  Não coma nada que não apodreça com o tempo.
4-  Evite alimentos que tenham algum tipo de advertência contra a saúde.
5-  No supermercado evite os corredores dos alimentos processados.
6-  Ou melhor ainda, compre seus alimentos na feira ou varejão.
7-  Pague mais (ogârnicos), coma menos.
8-  Coma a maior variedade de alimentos possível.
9-  Coma animais que comam grama.
10-  Cozinhe e se possível cultive alguns alimentos você mesma.
11-  Coma refeições e de preferência na mesa.
12-  Coma com outras pessoas sempre que possível e sempre com prazer.

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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Crônica: Maria, a Maternidade e o Sexo


Ela não era gorda nem magra, bonita nem feia, rica nem pobre, tarada nem santa. Maria, aos 29 anos, era o perfeito exemplo de todas as mulheres do mundo. Sua mãe, descendente de alemães, sempre lhe disse que poderia ser o que quiser na vida. Seu pai, uma mistura de libanês e angolano, queria que ela fosse advogada, assim como ele. Mas ela havia optado pela vida de publicitária descolada e tinha um bom emprego como redatora. Não tinha muitos problemas existenciais, tinha amigos e namorados, apenas se questionava se seus textos vendiam falsas promessas. Porém, um tampinha nas costas parabenizando sua criatividade sempre a colocava nos trilhos da complacência.
Até que um belo dia Maria se apaixonou, amor à primeira vista, alma gêmea. Tudo era cor-de-rosa. E sua vida sexual, pink fluorescente. Eles se atracavam em qualquer lugar, a qualquer hora. Banheiro masculino do cinema, banheiro feminino do night club, cobertura da agência na hora do almoço, bancada de trabalho dele no fim do expediente. O sexo rolava fácil e sem complicações. A alquimia perfeita. Um ano depois resolveram se casar.
Maria não tinha dúvidas sobre essa importante decisão, era o curso natural das coisas. Ela só não queria abdicar do seu nome de solteira, o que simbolizava sua individualidade. Também não abdicaria do edredom lilás com estampa de cerejeiras japonesas que acabara de comprar na MMartan, bem feminino para o novo quarto unissex do casal, mas ela tinha certeza de que o futuro marido não repararia. Então, eles se casaram.
Gravidez
Alguns meses depois do casamento, Maria já não tinha mais dedos para contar as inúmeras cutucadas sobre gravidez que já havia recebido, da mãe, da sogra, da nora, da tia, da amiga, do porteiro e da avó. Mas ela desconversava com um sorriso maroto e dizia que ainda estava na fase de curtir o maridão. Ate que o relógio biológico começou a bater, e forte.
Derrepente bebês começaram a saltar a sua frente, no shopping, no supermercado, na rua. Será que só ela estava notando ou aquilo fazia parte de um novo experimento extraterrestre de repovoamento do planeta. Até suas melhores amigas entraram na onda, uma acabara de ter gêmeos e a outra estava grávida. Ana, uma grande amiga desde a infância, já tinha dois filhos, mas ela há tempos não participava do grupo das mais chegadas, a primeira gravidez logo no final da faculdade, havia mudado o curso da vida da amiga para bem longe e agora elas só se viam em ocasiões muito especiais.   
Será que tudo isso era um sinal, será que estava na hora dela ser mãe? Seria muito divertido decorar o quartinho do bebê. Eles estavam bem financeiramente e grana não seria um empecilho. Já ouvira falar sobre a nova lei de Licença Maternidade, que lhe daria cinco meses para ficar com o bebê e depois era só achar um berçário de confiança para voltar ao trabalho. O marido também se entusiasmou com a idéia, seria divertido ensinar um mini Jr. a jogar bola e a surfar. Assim, Maria engravidou.
O primeiro trimestre foi de canseira e sigilo. O segundo, uma delicia. Contou para deus e o mundo, a barriga começou a aparecer e descobriram o sexo da filhota. Também não conseguia resistir às roupinhas miniaturas da Zara e ficou radiante ao descobrir que a C&A tinha uma linha de bebês fofa e baratinha. Até que a velha e experiente amiga Ana voltou à cena. “Acho melhor você trocar metade dessas roupinhas RN e P por M e G, o bebê não vai ter tempo de usar". O bom e velho balde de água fria.
Ana também perguntou se ela teria parto normal ou cesárea. Mas Maria ainda não havia pensado nisso. A sua obstetra também não havia tido a audácia de tocar no assunto, já que prescrever pedidos de ultrassom e analisar a tabelinha de peso era o nível de interação que a renomada médica considerava suficiente.
No final do segundo trimestre, o sexo, que até então fazia parte da rotina do casal, começou a ficar de lado. Maria estava cansada da posição de quatro ou de pé na pia do banheiro. Também já não sentia tesão, era mais para agradar o marido; que por sua vez começou a encanar que iria machucar o bebê. E sem sexo o casal ficou até o final da gravidez.  
Parto
Na 36ª semana, com o quartinho pronto, gaveteiro abarrotado, mamadeiras, chupetas e fraldas nos seus devidos lugares, e últimos trabalhos concluídos e aprovados, Maria finalmente se lembrou da velha pergunta. Afinal, a filha nasceria de parto normal ou cesárea? E assim, resolveu pesquisar sobre o assunto.
De 16 mães que conhecia, apenas uma havia tido os três filhos de parto normal, a faxineiras da agência. As outras 15, incluindo sua mãe, obstetra e melhores amigas, fizeram cesárea. E ai ela quis saber o porquê. Quadril estreito, pressão alta, medo da dor, férias do médico, dia do aniversário do pai, melhor para a saúde do bebê, foram algumas das explicações.
Na consulta pré-natal, enquanto ritualisticamente esperava sua vez para ser atendida, com uma hora e meia de atraso, Maria resolveu perguntar para as outras pacientes que aguardavam sobre a opção de parto. Em uníssono responderam: cesárea! Para conhecedir com as férias do marido, ser do signo de leão e depois de uma cesárea, só cesárea disseram.
Enquanto a obstetra ouvia o coração do bebê, Maria disse que gostaria de ter parto normal, o coração acelerou, não do bebê, mas da médica. Tudo bem, mas primeiro ela tinha que entender que nem todas as mulheres eram capazes, que o trabalho de parto doía muito e que os bebês nasciam mais feinhos, quer dizer, amassadinhos.  
Entretanto, Maria que às vezes gostava de ir contra a maré, lembrou-se de ter ajudado a dar à luz a gata da avó; de todos os filmes em que as mulheres eram levadas as pressas para o hospital aos berros e pariam lindos bebês. Também tinha ficado fã do programa americano “Babies” e se toda aquela mulherada tinha parto normal, ela também podia.
Até que a 40ª semana chegou e nada de contração, dores e de bolsa arrebentar. E sem mais nem menos Maria saiu do consultório direto para a maternidade. A médica havia decretado estado de cesárea! “Temos que tirar essa menina daí, ela pode passar do ponto”. E de supetão, Maria entrou para mais uma alarmante estatística do país, onde 90 % dos partos realizados no sistema privado de saúde são cesarianas*. Fazer o que, não teve jeito mesmo, foi a maneira de se consolar e suportar a dor da cirurgia.
Pós-parto
Amamentar também não estava sendo fácil, mas isso Maria fazia questão, amamentar sua bichinha. Sua amiga, mãe de gêmeos, não agüentou o tranco, a outra não quis colocar a operação dos seios em risco. Ambas estavam gastando rios de dinheiro com fórmulas que dizem imitar o leite materno. Se é que isso era possível. Uma vez, Maria havia criado a embalagem de uma marca famosa e sem saber o porquê, ficou uma semana deprimida.
Na primeira consulta ginecológica pós-parto, a médica, empolgadíssima, disse que em trinta dias o sexo estaria liberado. Maria tentou esboçar um sorriso, mas ess era a última coisa que passava por sua cabeça. Em contrapartida, ela sabia que o marido já havia começado a contar os dias. Ele já vinha se esfregando com segundas intenções, mas ela tinha várias desculpas para não magoar o marido: ainda faltam quinze dias, dez dias, cinco dias até que no dia H, Maria se trancou no quarto e decretou que não queria ver nem falar com ninguém. Assim passou o dia e a noite, postada na cama a dar de mamar e a cochilar com a sua bezerrinha.
Os dias se passaram e Maria começou a notar que mais nada no mundo atraia seu interesse. A pilha de jornal e revistas intocáveis na poltrona da sala. Em que as manchetes anunciavam um mundo que ela não queria para a sua bonequinha. Já a sua adorada "Vogue" havia atingido o auge da “extraterrealidade”. Pensou em assinar uma dessas revistas sobre mães e bebês, mas já sabia que não teria tempo de ler, era incrível como não tinha tempo para nada. Entre troca de fraldas, mamadas, uma ajeitada na casa e tentativas frustradas de se exercitar, ela só queria saber de colocar o sono em dia e descobrir o que fazer com o bebê assim que a licença maternidade terminasse.
De camisetão e rabo de cavalo, seu novo figurino, às vezes saia para dar um passeio pelo bairro e sempre parava na banca para ver que atriz estava grávida e que cara tinha os bebês dos famosos. Ela se recusava a comprar essas revistas, as de salão de beleza, porque sempre havia tido acesso fácil e gratuito a esse exuberante mundo de fofocas. Porém, desde que sua filhinha nasceu ela não fazia mais a unha, não depilava e muito menos escova no cabelo.
Sexo
Mas entre todas as mudanças em curso no mundo de Maria, o sexo era o que mais lhe entristecia. Nos últimos cinco meses, ela consentia, mas não tinha mais tesão. Tinha a sensação de estar traindo o marido com sua nova paixão, o bebê. Ela tinha certeza de que o amava, talvez ainda mais, mas esse amor não vinha acompanhado de beijo na boca e olhares com segundas intenções. Ela adorava sua mão forte que delicadamente segurava o bebê e os lábios carnudos doados à filha como fotocópia reduzida. Mas todo esse amor se transformava em pavor assim que ele começa a tocar suas costas na cama, beijar seu pescoço na pia da cozinha ou colocar as mesmas mãos fortes em seu peito enquanto assistiam TV, ah, esse ultimo era capaz de fazer Maria saltar de terror.
O que esta acontecendo comigo? Ana, a velha amiga, disse que era para ela não se preocupar, que acontecia com todas. Era a maneira sabia da mãe-natureza de evitar que outro bebê surgisse antes da hora. O problema era que homem nenhum entendia. Cabia as mulheres saber administrar a situação. A amiga foi além e dividiu com ela varias técnicas de dispersão: dor de cabeça, fingir sono profundo durante a melhor cena da novela, ir dormir mais cedo. Mas Maria não achava certo e resolveu ser franca com o marido.  Estipulou algumas regras: sexo três vezes por semana e nunca tocar nos peitos, que agora eram exclusivos do bebê. E assim tentou ser sexualmente feliz.
Tinha saudade da sexy Maria de outrora, mas não sentia a mínima falta de sexo. Deseja dormir abraçada com o marido, mas qualquer contato na cama era interpretado como sinal verde, então ela evitava esse conforto. Sabia que dessa maneira o marido era presa fácil para qualquer mocinha atirada. Às vezes, até desejava o pior para ver se assim ele lhe daria paz, mas rapidamente apagava o pensamento, não seria capaz de aturar a dor de uma traição. Era melhor simplesmente seguir as regras.
Um ano se passou. Maria havia voltado ao trabalho, que apesar de aniquilar qualquer tempo dedicado somente a ela, havia lhe devolvido certa sanidade para se relacionar com o mundo. O bebê havia se adaptado bem ao melhor berçário do bairro, que custava a metade do seu salário, mas que prometia introduzir a criança ao inglês e ao francês; tinha somente brinquedos educativos dinamarqueses; além de utilizar técnicas indianas de relaxamento. Ela e o marido também sabiam dividir com igualdade todos os afazeres domésticos. Viajavam para o litoral nos finais de semana prolongados. E tinham um seleto grupo de amigos, todos com filhos pequenos.
Somente uma coisa ainda perturbava a existência de Maria, o sexo. Para o marido a regrinha dos três era eficiente, mas para ela deixava muito a desejar. Até que uma bela noite, após um papai-mamãe rápido, ela sentou-se sozinha em frente à TV. Zapeando pelos canais, um programa sobre sexo lhe atraiu a atenção. Cientistas analisavam as respostas do cérebro ao cheiro, visão, tato de parceiros sexuais e assim procuravam uma resposta para uma vida sexual satisfatória e feliz. Para Maria nada daquilo parecia elucidar o seu problema. Até que um casal beirando aos 50 anos, ambos com satisfação no olhar, deu o seu depoimento.
Olhando diretamente para a câmera, a senhora - mulher, nem bonita nem feia, nem pobre nem rica, nem gorda nem magra, disse a frase que mudaria a vida de Maria. “A sexualidade vem da decisão de se sentir sexual e sensual, esta tudo na cabeça”. Maria desligou a TV, respirou fundo e decidiu que no dia seguinte voltaria para casa com a lingerie mais provocante que encontrasse.
Fim

*Pesquisa realizada pela UNICAMP e divulgada no dia 11 de agosto de 2011