segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Veja condena o parto domiciliar

Um BUUUUUU bem alto para a revista Veja dessa semana. Ela traz uma nota condenando o parto feito em casa e nos convida a ler mais sobre o assunto tão pobremente abordado no site:  http://veja.abril.com.br/noticia/saude/parto-domiciliar-quando-o-risco-nao-e-necessario
Primeiramente, só queria dizer que essa matéria (não assinada) só pode ter sido escrita por alguém bem inexperiente no quesito parto e principalmente no quesito jornalismo, o que beira a irresponsabilidade.   Até parece que resolveram publicar uma nota divulgada pelos “Conselhos de Medicina” sem checar os fatos.  Esse é a velha “caça as bruxas”, que nós mulheres já estamos mais do que cansadas.
Eu tive dois partos normais hospitalares, um feito nos EUA e outro em um hospital, com o selo de humanizado, no interior de São Paulo. Aqui, como a única “louca” com plano de saúde que desejava um parto normal, vivi na pele os absurdos do sistema, como ter as pernas amarradas na hora de dar a luz (isso sim uma operação de altíssimo risco).  
Enquanto os hospitais brasileiros não assegurem as mulheres o mínimo de dignidade nesse momento único, que continue em ascensão os partos domiciliares.
3 PRÁTICAS QUE DEVERIAM SER ABOLIDAS DAS MATERNIDADES BRASILEIRAS (só para ser simpática e citar apenas algumas):
- Uso indiscriminado da ocitocina (hormônio da contração) sintética, chamada de sorinho. Nenhum hospital quer saber de mulher em trabalho de parto por mais de 4 horas, o que basicamente são 95% das mulheres, principalmente em se tratando da primeira gravidez. O uso do “sorinho” acelera o ritmo das contrações de uma maneira brutal, tanto para a mãe quanto para o bebê. As dores são muito mais intensas e difíceis de suportar, o que leva ao uso de anestésicos e até mesmo do desejo por uma cesárea. O trabalho de parto natural dura em média 16 horas, podendo variar de 4 a 24 horas ou mais. O que dá tempo para a mulher se adaptar as dores naturais da contração até o momento da expulsão do bebê. Já para a criança, o trabalha de parto a prepara para entrar no mundo de maneira saudável e eficiente através dos hormônios liberados e da massagem gradual das contrações.      
- Prática indiscriminada do corte do períneo ou episiotomia. Corte cirúrgico feito na musculatura entre a vagina e o ânus para facilitar a saída do bebê.  O objetivo é evitar com que a região rasque no momento da expulsão do bebê. Segundo estudos feitos na França, menos de 5% das mulheres sofrem com esse problema, que depois é solucionado com pontos no local, com certeza nada agradável. No meu ponto de vista, cortar antes para se evitar que rasque depois é mais um daqueles nonsense apregoadas por médicos ineficientes e que acreditam que mulher tem que ter filho deitada e com a perna amarrada, como no meu caso. Coloca a mulherada de cócoras e vocês vão ver os bichinhos saindo rapidinho. 
Só para deixar o registro. Nos meus dois partos não houve necessidade do corte. O primeiro porque foi nos EUA e lá essa prática é só utilizada em situações de emergência.  Aqui, porque eu havia escrito uma carta ameaçando quem tocasse no meu períneo. Mas com a perna amarrada, lamentavelmente foi necessário o uso do fórceps.
- A impossibilidade de se movimentar durante o parto. Ter contrações presa a uma cama é garantia de maximizar a dor do parto. Eu já passei  por isso e te garanto.  Você já teve cólica? Agora você no pico da dor chapada em uma cama. Esse é o tipo de dor em que instintivamente nos encolhemos na posição fetal, com o barrigão fica difícil, então a posição de cócoras é o que mais se aproxima desse encolhimento, portanto a mais indicada. Durante o trabalho de parto toda a mulher deve ter a oportunidade de andar, se agachar, tomar uma ducha. A movimentação alivia a tensão, a dor e principalmente ajuda na descida e posicionamento correto do bebê. Porém, os hospitais adoram o auxilio de equipamentos que nos privam desse direito. O uso do “sorinho” intravenoso e do monitor fetal são duas práticas que nos amarram a cama. Já na hora do bebê nascer, somos levadas para o centro cirúrgico, lugar que não tem nada de propício para dar a luz, e lá as coisas podem ser ainda piores. É dada uma bela anestesia que te paralisa da cintura para baixo, amarram a sua perna, cortam o seu períneo e dizem: faz força filhinha, assim o seu bebê não vai nascer hoje... Esses procedimentos sim causam complicações e o os “Conselhos de Medicina” deveriam considerar arriscados.

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Um comentário:

  1. Indico aqui como fonte para complementar estudos e a divulgação da pesquisa realizada pelo autor 'Joseph Chilton Pearce', em seu livro 'A Evolução da Criança Mágica'- ed Francisco Alves, edição esgotada e nem sei se esta editora ainda existe.
    Nesse livro ele integra o conhecimento de várias áreas da ciência para falar sobre as necessidades do bebê na hora do parto e de como isso acaba sendo negligenciado, por esta cultura médica hospitalar. Havendo interesse, posso escanear este capítulo e enviar por email. Meu email é rodaom@gmail.com

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