domingo, 9 de outubro de 2011

Maternidade: Por que ninguém me disse isso antes?

“Vou abalar o seu mundo”
camiseta Santa Paciência do meu filho.

Um dos detalhes fascinantes de uma gravidez e que ela sempre será cheia de surpresas: boas e ruins. Não importa se é a sua primeira, segunda, ou terceira, uma nunca e igual à outra. Você pode ter lido inúmeros livros, visitado todos os blogs e conversado com todas as amigas que já colocaram a mão na massa. A sensação que você vai ter depois de engravidar, ver a barriga crescer, dar a luz, amamentar o seu filhote vai ser de que tudo e todas esconderam algo extremamente essencial. Para algumas a pergunta aparece logo no primeiro trimestre. Para outras vai pipocar na primeira tentativa de acertar uma colherada na boca do bebê. Tem aquelas que só vão se questionar quando os filhos entram na pré-adolescência. Não importa em que estágio da jornada você esteja, você vai querer saber: por que ninguém me disse isso antes?

A verdade nua e crua e de que nenhuma mulher esta realmente preparada para a maternidade. E ninguém pega a nossa mão, olha nos nossos olhos e diz: se vira, agora e com você, só você. Por mais que a turma esteja toda em volta: marido, parentes e amigos, essa jornada e exclusivamente sua. Você vai deixar o seu ser independente, livre e egocêntrico de um lado da porta, para do outro se reencontrar. Uma você meio heroína e meio louca. Uma você extremamente apaixonada. Você vai se reinventar e às vezes, muitas vezes, ressentir as inúmeras perdas. Perda da forma física pre-maternidade, das noites de sono profundo, das noitadas, do café e revistas com as amigas, do sexo casual, do sexo animal, da carreira que esta ficando para depois; simplesmente a perda de você livre, leve e solta.

O simples ato de sair para jantar em um restaurante nunca mais vai ser o mesmo. Se você tem com quem deixar o bebê, o seu corpo vai, o coração fica e antes do segundo prato chegar você já vai estar discado. E nenhum assunto vai ganhar a sua devida atenção, a não ser e claro, os feitos do seu baixinho. E se esse mesmo baixinho te acompanhar para jantar, ai a dinâmica vira um circo. Onde parar o carrinho, o bebê vai querer mamar, o bebê vai chorar. E quando você menos esperar vai estar com o decotão abaixado, amamentando o seu pequeno no meio de um restaurante lotado, enquanto belisca aquilo que alguém colocou no seu prato. 

E deitar em uma canga e tomar sol na praia, esquece. Se você tiver a sorte de fazer o bebê dormir debaixo de uma sombrinha gostosa, a euforia vai ser tanta. Será que nado, dou uma caminhada, vou buscar uma água de coco ou tomo sol? Ai você estrategiza, algo que você já tira de letra, e resolve dar a caminhada e enquanto caminha, toma sol e durante o percurso passa na barraca da água de coco e na volta, quando você está pronta para dar o pulo na água, o alguém, que ficou de olho no seu fofinho, já vai estar chamando porque o bebê não para de chorar. Enfim, a vida muda.

Entretanto, mais do que as mudanças do dia-a-dia, a sua moral vai mudar, seu discurso, seu papo-cabeça, sua filosofia de vida. Seu espírito vai dar uma chacoalhada. Como se derrepende alguém deletasse o seu windows XP e você tivesse que reinstalar o windows 7. O computador vai ser o mesmo, mais o sistema operacional, apesar de ter a mesma finalidade e origem, vai ter um design diferente, novas funções e capacidades. Essa e a nova você, com um novo sistema operacional. Bem vinda a maternidade!


As adoráveis ilustrações são da: http://www.janamagalhaes.com/

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4 comentários:

  1. Seu post era tudo o que eu precisava ler há uma semana do meu bebê nascer! Adorei cada palavra e já me imaginei em todas as cenas! :)
    Beijos
    MaH

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  2. Perfeito e é exatamente assim! Tenho 2 flores: 3 anos e 10 meses. Parabéns!

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  3. MARAVILHOSO! Nós mães precisamos de mais textos assim.. faz tão bem!

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