sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Carrinho: o melhor exercício pós gravidez

Finalmente vou escrever sobre um assunto pelo qual todas nós somos obcecadas, a nossa forma física. E de quebra lembrar que certas atitudes refletem no nosso bem estar social e consequentemente na nossa saúde. Seja você fofa, malhada, magra ou gorda, uma coisa é certa, você não quer saber de piorar as coisas para o seu lado. Entretanto, entre todas as mudanças corporais pelas quais uma mulher pode passar, a gravidez é provavelmente uma das mais intensas e dramáticas.

O envelhecimento também prega peças, mas ele chega devagarzinho, você tem tempo de se acostumar com uma ruga aqui, uma flacidez ali. A gravidez não. Em nove meses você vira um balão inflado a sua capacidade máxima e depois desinfla. Pegue uma bexiga nova e faça a experiência, ela nunca vai ser a mesma, dependendo da qualidade da borracha ela quase volta à forma original, mas quase. Com você vai ser assim também.

Durante todo o período da gravidez toda mulher se promete entrar em forma rapidinho, nem que tenha que se matricular pela primeira vez em uma academia. Doce ilusão, se você não fez isso até agora, não vai ser com um bebê em casa que essa façanha vai acontecer. O meu melhor conselho é: vá de carrinho para todos os lados.

Empurrando o carrinho

Eu sempre digo que se você tiver que investir em um único item bacana para o seu bebê, um carrinho de primeira está no topo da lista. Cadeira de amamentação, trocador, andador, cadeirinha bouncer, esterilizador de mamadeira, entre outros apetrechos, para mim são completamente desnecessários. Já um bom carrinho pode fazer maravilhas por você e para o seu bebê.

Primeiro você deve esquecer o seu carro na garagem. Vá ao supermercado, feira, banco, praia, casa da mãe ou da amiga sempre de carrinho e você vai ver os seus quilinhos sumirem gradualmente, numa boa, sem stress.  O mais legal é que uma nova consciência urbana vai despertar e o seu bebê vai adorar.

No Brasil, me parece que quem anda na rua deliberadamente - não no calçadão da praia nos finais de semana - é porque não tem carro, e se não tem carro, é pobre. O pior, esse comportamento se intesifica nas cidades do interior. Querida, acho que já está na hora da gente começar a deixar esses preconceitos de lado e se abrir para um novo estilo de vida, mais saudável para todo mundo. Por que a gente adora ir para Amsterdã, Paris, Barcelona, Nova York e ver tanta gente bonita passeando pelas ruas? É uma questão de bom senso.  

Vamos supor que o seu banco fique a quinze quarteirões da sua casa. Programada como toda boa mulher moderna, você tira o carro da garagem e demora uns 15 minutos para chegar até o banco: trânsito, farol, mão única. Demora mais uns 5 para achar um lugar para estacionar ou paga o estacionamento. Tira o bebê do carro, instala o bebê no carrinho ou carrega ele no colo. Faz o que tem que fazer e volta para o carro e para o trânsito. Você queria ter parado na padaria, mas achar lugar para estacionar e tirar o bebê do carro tudo de novo não ia ser uma boa idéia, então você conta com a boa vontade do maridão para trazer os frios e o pão para casa depois do trabalho. Se você for uma pessoa zen, o nível de estress pode ser pequeno, mas dependendo do calor e dos contratempos de percurso, essa simples rotina pode chegar a um nível de estress indesejável. Agora vamos colocar o carrinho e o corpinho para trabalhar.

Vista o seu bebê com aquela roupinha fofa que ninguém viu ainda. Coloque um sapato confortável e um belo óculos escuro. Encha uma garrafinha de água gelada, pegue a bolsa (nunca esqueça uma troca de roupinhas e fralda, os bebês adoram pregar peças na gente) e se jogue na calçada. Em menos de vinte minutos você já vai estar no banco e ter feito o necessário. No caminho de volta para a casa você vai poder parar na padaria, passar naquela boutique nova, reparar na arquitetura do seu bairro e sorrir para desconhecidos encantados com o seu bebezinho que de tão alerta e curioso na ida, caiu no sono na volta. Ao chegar em casa você vai estar se sentindo bem por ter batido pernas e satisfeita. E se for um dia de sorte o seu bebê vai dormir uns quinze minutos extras. Com esses quarenta minutos de caminhada você vai queimar cerca de 350 calorias (100 dirigindo o carro) e enrijecer os músculos. Vai deixar de emitir o indesejável monóxido de carbono na atmosfera, economizar gasolina e ampliar os sentidos do seu pimpolho.

É verdade, seria lindo se tudo fosse tão perfeito assim. Têm coisas que vão te indignar nesse passeio, eu sei bem. Os carros que parecem aceleram quando você esta prestes a atravessar a rua. A criança que vai jogar o pacote de biscoito no chão bem na sua frente. O trecho de calçada esburacada que vai te fazer pensar que deveria ter investido em um carrinho off-road. Ver aquela casa do começo do século vinte ser demolida para dar lugar a mais um estacionamento. E que delícia seria se a praça que fica no meio do caminho tivesse bancos decentes, a gangorra não estivesse quebrada e o balanço enferrujado. 

De uma maneira ou de outra, caminhar vai fazer você repensar alguns conceitos. E quem sabe, quando você tiver que pegar o carro para ir a um lugar bem longe, seja mais educada com os pedestres. Escreva uma cartinha para a prefeitura exigindo mais áreas de lazer e recreação para as crianças do bairro. E que tal sugerir também a implantação de mais lixeiras ou até mesmo uma campanha para educar as crianças e assim educar os pais a jogar o lixo no lixo, ou melhor ainda, a reciclar. Afinal, você paga impostos e não sabe o que eles estão fazendo com tanto dinheiro recolhido.

E quem sabe um dia tudo aquilo que a gente inveja e admira no primeiro mundo não faça parte do nosso mundo também. São os cidadãos que fazem uma cidade. E é verdade, você vai mudar: vai ficar mais magra, mais consciente, mais ativa, mais chic e mais feliz.

Nota: E a segurança?

Sobre esse assunto eu vou citar a minha irmã, que é assistente social e tem mestrado em planejamento urbano. Ela sempre diz que "quanto mais gente na rua, mais seguro". Quando nos excluímos do espaço público (ruas, praças, parques) por motivo de segurança e aí que a violência se prolifera. Quem pode, fica atrás dos muros (apartamento, condomínio, carro, shopping). E quem não pode, fica na rua. Sem pessoas com recursos para reivindicar melhorias do espaço público ele decai. Crias-se o medo, a exclusão, a divisão de classes. Enfim, a receita perfeita para a violência.   

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4 comentários:

  1. Adorei! Comprei um modelo de corrida justamente pra isso...
    Já conhece o blog www.cucadegentemiuda.com ? Leitura pra os pequenos! Bjs

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    1. Oi Erica, obrigada pelo comentário. Adorei o "cuca". Aqui em casa somos todos super leitores. Álias, também adoramos frequentar bibliotecas públicas, algo em extinção nesse nosso Brasil. E livros para mim são sempre a melhor opção de presentes para adultos e crianças. Parabéns. bj

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  2. Aqui adotei o carrinho já tem um tempinho e adoro! Bom pra mãe e bom pra filha que descobre um mundo novo passeando , observando, tomando um solzinho!!! beijos
    www.jeitinhos.blogspot.com

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    1. Obrigada Sabrina pelos comentários... vou passar no "jeitinhos" agora mesmo. bj

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